Por Clóvis Polese, diretor da Expo Supermercados e do CTDE - Centro de Treinamento para Supermercados

Prazer, sou Clóvis Polese, um filho de comerciante do interior do Rio Grande do Sul, que, junto com a família, mudou-se para Porto Alegre em 1960. Minha jornada no ramo de supermercados começou em 1964, quando adquiri, junto ao meu pai Arlindo Polese, um minimercado que se transformou ao longo do tempo em um supermercado. Meu pai saiu dos negócios com o passar dos anos, e junto com minha falecida esposa Lilia Souto Polese, expandimos para quatro lojas de bairro na zona sul da cidade.

Além disso, fui responsável pela criação da Expo Supermercados, um evento que desde 1995 recebe varejistas e fornecedores para compartilhar ideias inovadoras e soluções que impulsionam a rentabilidade no setor.
Assim como meu pai passou os supermercados para minha administração, ao longo de mais de 50 anos, testemunhei diversas sucessões empresariais no setor varejista. Neste artigo, quero compartilhar algumas reflexões sobre a delicada decisão entre entregar o comando para os filhos ou vender o supermercado.
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 90% das empresas no Brasil têm perfil familiar, desempenhando um papel significativo na economia do país ao empregar cerca de 75% da mão de obra e contribuir com metade do Produto Interno Bruto (PIB).

No entanto, ao considerar as estatísticas do Banco Mundial, observa-se que apenas 30% dessas empresas familiares conseguem chegar à 3ª geração, e dessas, apenas metade sobrevive. Este cenário destaca a relevância do momento de sucessão, no qual os fundadores estão passando o bastão para as novas gerações. O desafio nesse processo de transição é inegável, e as empresas pioneiras estão enfrentando este momento crucial de transformação.
De acordo com a 10ª Pesquisa Global sobre Empresas Familiares referente a 2021, apenas 24% das empresas com raízes familiares conseguem efetivamente preparar sucessores.
Em 2023, uma pesquisa conduzida pela Talenses Executive revelou que apenas um terço das grandes empresas brasileiras possui um planejamento sucessório para a alta cúpula. Isso indica uma lacuna na preparação estratégica dessas organizações em relação à sucessão empresarial.
Sucessão empresarial: entregar o comando para os filhos ou vender?
No setor supermercadista, é comum sociedade entre membros da mesma família. Seja entre pais e filhos, maridos e esposas, irmãos ou primos. Essas parcerias familiares, enraizadas na tradição, muitas vezes desempenham um papel fundamental na construção e no sucesso contínuo dos supermercados, incorporando valores familiares na empresa.
A decisão de um proprietário de supermercado de passar o negócio para a próxima geração é marcada por diversos motivos, como doença, cansaço, desmotivação, mudança de foco, ou simplesmente o desejo de dedicar mais tempo à família.
Analisemos as duas principais opções.

Entregar o comando para os filhos
Essa escolha exige um planejamento cuidadoso. Os filhos devem estar preparados para assumir a administração, não como uma herança, mas como um negócio que demanda trabalho árduo e dedicação para prosperar. Alguns pontos importantes incluem:
Planejamento a longo prazo: Estabeleça metas a longo prazo, enfrentando a concorrência e adotando novas tecnologias.
Comunicação transparente: Comunique mudanças de forma transparente para equipe, clientes e fornecedores.
Treinamento e inovação: Capacite a nova geração com treinamentos teóricos e práticos, investindo em reformas e modernização.
Enfrentar desafios e pensar no futuro: Esteja preparado para os desafios e renove o negócio conforme necessário, sempre pensando no futuro.
Além disso, a contratação de consultoria e uma gestão de recursos humanos estratégica são fundamentais para o sucesso.
Venda do Supermercado
A alternativa de vender o supermercado também é válida e pode ser independente da propriedade do imóvel. Alguns pontos a considerar:
Contrato de compra e venda: Detalhe aspectos, valores, formas de pagamento e penalidades.
Assessoria jurídica especializada: Para ambas as partes, é crucial contar com uma assessoria jurídica especializada.

Reflexão: O valor da continuidade familiar
Encerro este artigo compartilhando minha própria experiência de passar o legado para meu filho, Fabiano Polese. Ver a continuidade do negócio na família é uma alegria imensurável.
Independentemente da escolha, seja entregar o comando para os filhos ou vender, o segredo está no planejamento, na inovação e na adaptação constante.
Que cada sucessão empresarial seja marcada por prosperidade e sucesso!
Veja a biografia de Clovis Polese: https://www.ctde.com.br/post/biografia-de-clovis-polese
Grande Empresário Clovis, um legado indescritível nosso patrimônio vivo de sucesso e trabalho. Um forte abraço de quem te acompanhou mais de 50 anos.
Que a Família tenha prosperidade plena.