Como supermercados de bairro podem conquistar a Geração Z - E os desafios de integrá-la à equipe

Por Franciele Marchioretto, diretora da Expo Supermercados

As transformações do varejo na última década não deixaram dúvidas: o consumidor mudou. E entre as gerações que mais exigem atenção está a Geração Z — formada por jovens nascidos entre meados dos anos 1990 e 2010. Eles são digitais por natureza, crescem em um mundo hiperconectado e têm comportamentos e valores muito diferentes das gerações anteriores. Para os supermercados de bairro, isso representa uma grande oportunidade — e também um desafio, tanto na relação com o cliente quanto na formação de equipes de trabalho.

Geração Z: o novo consumidor

A Geração Z é exigente, bem informada e consciente. Valoriza a praticidade, o imediatismo e o propósito por trás das marcas que consome. Em vez de visitar um supermercado apenas por necessidade, esse público busca experiências, conveniência e identificação com os valores da empresa. Eles preferem marcas que se posicionam em temas relevantes, como sustentabilidade, diversidade, saúde e bem-estar.

Para os supermercados de bairro, a principal lição é clara: é preciso ir além da venda de produtos. Essa geração espera um atendimento personalizado, produtos alinhados com seus hábitos (como opções saudáveis, veganas ou artesanais), e presença ativa nas redes sociais — com conteúdos leves, divertidos e informativos.

Além disso, a digitalização dos serviços é um diferencial. Aplicativos, sistemas de autoatendimento, promoções digitais e opções de delivery ajudam a aproximar o supermercado desse consumidor jovem e exigente.

Os desafios da Geração Z como força de trabalho

Se conquistar a Gen Z como cliente já demanda estratégia, integrá-la como colaboradora é uma missão igualmente complexa. Muitos donos e gestores de supermercados enfrentam dificuldades na hora de contratar, treinar e reter jovens dessa geração. Isso porque o perfil profissional da Gen Z é tão inovador quanto o seu comportamento de consumo.

Entre os principais desafios enfrentados estão:

Alta rotatividade: muitos jovens veem o trabalho no supermercado como algo transitório, o que dificulta a retenção de talentos;

Baixa tolerância a estruturas rígidas: a Geração Z valoriza empresas com cultura aberta, horizontal e que escutem suas ideias;

Busca por propósito: salários e benefícios são importantes, mas não bastam. Os jovens querem sentir que fazem parte de algo maior;

Necessidade de feedback constante e reconhecimento rápido, o que exige um novo olhar da liderança sobre os processos de gestão;

Potencial digital não aproveitado: muitos supermercados ainda não envolvem esses jovens em áreas onde poderiam contribuir com criatividade e inovação, como marketing digital e redes sociais.

Estratégias para aproximar e engajar

Para supermercados de bairro que desejam crescer e se adaptar às novas gerações, alguns caminhos são fundamentais:

1. Modernizar a comunicação com clientes e colaboradores, utilizando redes sociais, aplicativos de mensagens e ferramentas digitais internas;

2. Criar oportunidades de crescimento e aprendizado, mesmo que em curto prazo, com treinamentos objetivos e planos de desenvolvimento;

3. Dar espaço para escuta e ideias, envolvendo os jovens em decisões e projetos internos;

4. Adaptar o ambiente de trabalho para ser mais colaborativo, ágil e respeitoso, com liderança empática e metas claras;

5. Aproveitar o perfil digital da Geração Z para fortalecer o marketing da loja, criar conteúdo e desenvolver experiências tecnológicas no ponto de venda.

Conclusão

A Geração Z já é parte ativa do presente — como consumidores e como profissionais. Os supermercados que souberem dialogar com esse público, adaptar sua linguagem e suas práticas de gestão, estarão mais preparados para um futuro competitivo, ágil e centrado no cliente. Os desafios existem, mas as oportunidades são ainda maiores.

A nova geração pode, sim, ser o motor da renovação e do crescimento dos supermercados de bairro.