Crescimento moderado de Alimentos e Bebidas: Estados Unidos x Brasil
- Fabiano Polese

- 18 de ago.
- 2 min de leitura
Por Fabiano Polese, diretor da Expo Supermercados
Um relatório recente, aponta que o setor de alimentos e bebidas nos Estados Unidos deve crescer de forma mais lenta nos próximos anos, impulsionado por três grandes fatores: valor, saúde e mudanças demográficas. Para 2025, a previsão é de um crescimento de 3,2% em vendas, com volumes praticamente estáveis (0,2%). Já para 2026, a expectativa é de expansão entre 3% e 5%, sustentada mais pelos preços do que pelo aumento do consumo.
Entre as principais tendências do mercado norte-americano estão:
Adoção de dietas mais ricas em proteínas.
Redução no consumo de álcool e snacks.
Busca por alimentos com ingredientes premium e saudáveis.
Consumidores valorizando conveniência e funcionalidade.
Crescente peso do varejo de clubes e atacarejos, além do e-commerce.
O estudo ainda mostra que a inflação acumulada nos últimos cinco anos elevou os preços de alimentos e bebidas em 34% nos EUA, pressionando famílias de baixa renda e impactando hábitos de compra.
O contraponto com o Brasil
No Brasil, o cenário apresenta semelhanças e diferenças importantes:
Inflação dos alimentos: Assim como nos EUA, o brasileiro sente forte impacto nos preços, mas aqui a oscilação é ainda mais influenciada por fatores como safra agrícola, dólar e custos logísticos.
Mudança no consumo: Enquanto nos EUA há redução de snacks e álcool, no Brasil o consumo desses itens ainda cresce em segmentos populares, muitas vezes por serem opções acessíveis para lazer e conveniência.
Saúde e bem-estar: O apelo por alimentos saudáveis também avança no Brasil, mas de forma mais concentrada nas classes médias e altas. Produtos com maior teor proteico, como suplementos e cortes premium de carne, encontram espaço, mas ainda são nichados.
Atacarejo: Tanto nos EUA (club stores) quanto no Brasil (atacarejos), esse formato segue em alta. No mercado brasileiro, já representa mais de 60% do crescimento do setor, atraindo consumidores que buscam preço e volume.
E-commerce alimentar: Nos EUA, cresce de forma consolidada. No Brasil, ainda enfrenta desafios como logística e frete, mas vem ganhando espaço, especialmente em grandes centros urbanos e entre consumidores que buscam conveniência.
Demografia: Enquanto nos EUA a queda da natalidade e menor imigração preocupam, no Brasil a transição demográfica também se acelera, com envelhecimento populacional e mudanças nos padrões de consumo, impactando o futuro do varejo.

Reflexão
Os dados demonstram que, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, o setor de alimentos e bebidas passa por transformações ligadas a preço, saúde e novos hábitos de consumo. A diferença é que, no mercado brasileiro, ainda há um peso maior da busca por preço baixo, enquanto nos EUA a ênfase está mais na funcionalidade e qualidade nutricional.
Para supermercadistas brasileiros, fica a lição: é preciso equilibrar estratégias de valor, que garantam preços competitivos, com a oferta crescente de produtos saudáveis e inovadores, acompanhando a evolução do consumidor.













Comentários