O varejo perde duas vezes: o impacto das apostas online e das fraudes contra aposentados
- Fabiano Polese
- há 11 horas
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Por Fabiano Polese, diretor da Expo Supermercados
O setor varejista brasileiro, especialmente o comércio de bairro e os supermercados, enfrenta um inimigo silencioso que vem comprometendo o poder de compra da população: a crescente destinação da renda familiar para sites de apostas — as chamadas "bets" — e os constantes golpes financeiros envolvendo aposentados e benefícios do INSS.
De um lado, temos um fenômeno que se espalhou pelo país: o vício em apostas esportivas online. Com promessas de ganhos rápidos e propaganda agressiva, muitos trabalhadores acabam comprometendo boa parte de seus salários nessas plataformas. O resultado? Menos dinheiro circulando no comércio local, menor consumo nos supermercados e queda no faturamento das lojas, que dependem do orçamento familiar equilibrado para manter suas vendas.
De outro, o golpe contra aposentados. Diariamente, milhares de idosos são vítimas de fraudes envolvendo empréstimos consignados, descontos indevidos e até sequestros de benefícios. Esse dinheiro, que deveria movimentar farmácias, mercados, lojas de roupas e feiras, acaba sendo desviado para quadrilhas organizadas, muitas vezes sem que a vítima sequer perceba o que aconteceu. É uma perda dupla: para quem foi lesado e para o comércio local, que deixa de receber esses recursos.
O varejo, principalmente nas regiões mais vulneráveis, sente o impacto diretamente. Quando o salário é comprometido por apostas e o benefício do aposentado é furtado por estelionatários, o consumo básico deixa de acontecer. Menos compras, menos giro na economia, menos empregos. É um ciclo perigoso que precisa de atenção urgente.

É fundamental que o setor varejista, junto com líderes comunitários e autoridades, levante a voz contra essas práticas predatórias. Além disso, é necessário investir em educação financeira, campanhas de conscientização e políticas públicas que protejam os mais vulneráveis.
Se o dinheiro não vai para o consumo, o varejo perde. E quando o varejo perde, toda a comunidade sente. Chegou a hora de agir.
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