Os desafios na administração e sucessão da empresa familiar no setor supermercadista
- Fabiano Polese
- há 13 horas
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As empresas familiares são a espinha dorsal da economia brasileira, e no setor supermercadista essa realidade é ainda mais evidente. A maioria dos supermercados no Brasil nasce do sonho e do esforço de pais, filhos e filhas que, unidos, constroem um negócio com base em muito trabalho, dedicação e amor. Clóvis Polese, fundador da Expo Supermercados e diretor do CTDE – Centro de Treinamento e Desenvolvimento Empresarial, comenta sobre as dificuldades e aprendizados na administração e sucessão dessas empresas, trazendo à tona pontos que podem ajudar famílias a conquistar crescimento sustentável.
O início da trajetória e os desafios diários
A vida de um supermercadista familiar começa marcada por inúmeros desafios. Com poucos recursos financeiros e pouco conhecimento específico sobre gestão, os fundadores enfrentam longas jornadas de trabalho – chegando a 13 ou 15 horas por dia, de segunda a segunda. O casal fundador divide funções essenciais: enquanto a esposa se desdobra entre o caixa, pagamentos e múltiplas atividades administrativas, o marido costuma assumir a gestão operacional, cuidando de compras, recebimento, abastecimento e precificação. Esse esforço conjunto mostra como a empresa familiar se constrói no sacrifício e no comprometimento mútuo.
Com o tempo, os filhos ou filhas passam a integrar a administração, geralmente assumindo funções de gerência e trazendo novas ideias. Nesse ponto, a harmonia entre gerações se torna vital. Segundo Clóvis Polese, é indispensável que pais escutem os filhos e que estes, por sua vez, valorizem a experiência dos pais. O equilíbrio nesse relacionamento é decisivo para o futuro do negócio.
A importância da organização e da confiança
Um dos pilares para a saúde da empresa familiar é a definição clara de papéis e responsabilidades. Elaborar um organograma funcional ajuda a evitar conflitos, deixando evidente a função e a responsabilidade de cada membro da família dentro da operação. Além disso, a confiança mútua é a base da sucessão: quando os filhos participam ativamente do negócio, dificilmente se afastam, pois existe um vínculo emocional profundo com os pais e com a história construída.
Outro ponto levantado por Clóvis é a necessidade de separar vida profissional e pessoal. Os conflitos e dificuldades da empresa não devem ser levados para casa. A solução, segundo ele, está em antecipar problemas, enfrentá-los de forma objetiva e superá-los, preservando assim a harmonia familiar.
Erros comuns na administração e sucessão
Ao longo de sua experiência, Clóvis Polese elenca os principais erros cometidos pelas empresas familiares no setor supermercadista. O primeiro é a falta de planejamento na hora da sucessão, um momento delicado que, se mal conduzido, pode gerar conflitos e até ameaçar a continuidade do negócio. Outro erro é ignorar a existência de problemas. Não admitir dificuldades impede que soluções sejam encontradas e cria um ambiente de desgaste.
Também é grave a ausência de regras claras. Sem procedimentos bem definidos, a empresa corre o risco de caminhar rumo à desorganização e até à falência. Por fim, Clóvis alerta para a armadilha de copiar fórmulas prontas. Cada empresa tem suas particularidades, e, no caso de negócios familiares, cada dinâmica envolve sentimentos, histórias e perfis distintos. É preciso avaliar caso a caso, sem soluções padronizadas.
Um futuro sustentável para empresas familiares
O sucesso de um supermercado familiar depende da capacidade de unir tradição e inovação. A experiência dos pais deve dialogar com a visão de futuro dos filhos, criando um ambiente de respeito, confiança e cooperação. A sucessão bem planejada, com papéis definidos e comunicação transparente, é fundamental para garantir a continuidade e a prosperidade do negócio.
Clóvis Polese conclui destacando que os supermercados familiares, quando bem administrados, têm todas as condições de prosperar, justamente por aliarem a força do trabalho conjunto à paixão pelo que fazem. A chave está em enfrentar os desafios com maturidade, separar a vida pessoal do profissional e cultivar um relacionamento saudável entre as gerações. Assim, o negócio não apenas sobrevive, mas cresce e se fortalece para o futuro.
