A Revolução da Inteligência Artificial no Varejo: Oportunidades para os Supermercadistas Brasileiros

Por Fabiano Polese, diretor da Expo Supermercados, feira de Negócios, Experiências e Inovações

Recentemente, Doug McMillon, CEO do Walmart — maior empregador do mundo, com mais de 2,1 milhões de colaboradores — afirmou: “A Inteligência Artificial vai mudar literalmente todos os empregos.” Essa declaração, vinda de uma das empresas mais influentes do planeta, não é um exagero. Ela sinaliza uma transformação profunda e irreversível que já está em curso no varejo mundial. E os supermercadistas brasileiros precisam prestar muita atenção: a IA não é uma tendência distante, é uma realidade presente e cheia de oportunidades.

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Transformações que já estão acontecendo

Nos Estados Unidos, o Walmart está implementando IA em diversas áreas do negócio. Chatbots inteligentes auxiliam clientes e fornecedores, sistemas de previsão automatizada ajudam a planejar estoques com mais precisão, e agentes inteligentes otimizam rotas de abastecimento e logística. Internamente, tarefas operacionais repetitivas estão sendo automatizadas, liberando funcionários para atividades de maior valor, como atendimento personalizado e tomada de decisões estratégicas.

Essa revolução tecnológica não significa necessariamente redução em massa de empregos, mas sim mudança no perfil das funções. O Walmart projeta manter o número total de colaboradores estável nos próximos anos, porém com novas atribuições. Isso mostra que a IA está remodelando a forma de trabalhar, e não simplesmente substituindo pessoas por máquinas.

Oportunidades para supermercados no Brasil

Para os supermercadistas brasileiros — especialmente os de bairro, vizinhança e proximidade — a Inteligência Artificial representa uma chance única de profissionalizar a gestão e aumentar a competitividade frente às grandes redes. Algumas oportunidades práticas incluem:

Previsão de demanda e controle de estoque

Ferramentas de IA ajudam a identificar padrões de vendas, prever rupturas e ajustar pedidos automaticamente, reduzindo perdas e melhorando o giro de mercadorias. Isso é especialmente útil em setores sensíveis como FLV, padaria e açougue.

Promoções e preços inteligentes

Com sistemas de precificação dinâmica, é possível ajustar preços com base no histórico de vendas, sazonalidade e concorrência, maximizando margens e atraindo clientes com ofertas certeiras.

Melhor comunicação com o cliente

Chatbots no WhatsApp ou no site da loja podem responder dúvidas, divulgar promoções e até coletar pedidos, oferecendo conveniência e melhorando o relacionamento com a comunidade.

Treinamento de equipes

A IA também pode ser usada internamente para capacitar colaboradores, com plataformas que oferecem treinamentos personalizados, acompanhamento de desempenho e sugestões de melhoria.

Redução de desperdícios

Sistemas inteligentes monitoram validade de produtos e fluxos de consumo, evitando perdas desnecessárias e ajudando o supermercado a economizar.

O desafio da adaptação e da mentalidade

Apesar das oportunidades, o maior obstáculo para a adoção da IA não é a tecnologia em si, mas a mentalidade dos gestores. Muitos supermercados ainda operam com rotinas baseadas em “feeling” ou processos manuais pouco eficientes. Adotar IA exige mudança cultural: abertura para aprender, capacitar a equipe, testar ferramentas e ajustar processos continuamente.

Assim como o Walmart está redesenhando seus modelos de trabalho para se manter competitivo globalmente, os supermercadistas brasileiros também precisam dar seus primeiros passos. Começar com pequenas aplicações — como etiquetas eletrônicas, sistemas de gestão integrados com IA ou chatbots para clientes — já pode trazer ganhos significativos em eficiência e margem.

Quem agir primeiro, sai na frente

A frase do CEO do Walmart é um alerta claro: a Inteligência Artificial não vai apenas transformar os supermercados — ela vai transformar os empregos, os processos e a forma de competir. Para os supermercados de bairro e de médio porte, esta é uma oportunidade histórica de inovar, ganhar eficiência e fortalecer sua posição no mercado.

Quem começar agora a compreender, experimentar e implementar soluções de IA, estará mais preparado para enfrentar os desafios do futuro e aproveitar as novas oportunidades de crescimento que surgem.

O varejo brasileiro tem criatividade, proximidade com o cliente e agilidade — ingredientes perfeitos para aproveitar essa revolução tecnológica. Cabe aos supermercadistas decidirem se vão apenas assistir à mudança… ou liderá-la.